sexta-feira, 24 de maio de 2013

Peço a paz



Peço a paz
e o silêncio

A paz dos frutos

e a música

de suas sementes

abertas ao vento

Peço a paz

e meus pulsos traçam na chuva

um rosto e um pão

Peço a paz

silenciosamente

a paz a madrugada em cada ovo aberto

aos passos leves da morte

A paz peço
a paz apenas

o repouso da luta no barro das mãos

uma língua sensível ao sabor do vinho

a paz clara

a paz quotidiana

dos actos que nos cobrem

de lama e sol

Peço a paz e o

silêncio

Casimiro de Brito, in “Jardins de Guerra”



quarta-feira, 15 de maio de 2013

Da minha janela eu vejo...

Da minha janela eu vejo
o Céu As Estrelas, a Lua, o Sol, a Chuva.
Da minha janela eu vejo os passarinhos,As Árvores, o Jardim, a Igreja e as Pessoas.
Durante o dia da minha janela eu vejo homens passando apressados,Ou descansando no banco da Praça.
Da minha janela vejo estudantes com computadores ligados.
Vejo mulheres de todas as idades falando no celular,
Da minha janela vejo gente comendo marmitex eVejo gente esperando alguém que nunca chega.
Da minha janela vejo casais adolescentes deitados no banco,É o Amor da juventude, plugados pelo computador e no celular.
Pela minha janela vejo o Amor maduro com a mão boba abrindo botões Acariciando os seios da Amada e pernas se entrelaçando num amor escondido.
Da minha janela vejo famílias brincando com seus filhos Com os cães urinando em todas as árvores, balançando o rabinho de alegria.
Da minha janela vejo pessoas de todos os sexos procurando suas presas Por uma noite menos solitária.
Da minha janela eu vejo essa vida bandida,
essa vida comum nossa
De cada dia.
Lúcia Marina Rodrigues