quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Nossos Velhos



Pais heróis e mães rainhas do lar.
Passamos boa parte da nossa existência
cultivando estes estereótipos.
Até que um dia
o pai herói começa a passar o tempo todo sentado,
resmunga baixinho e
puxa uns assuntos sem pé nem cabeça.
A rainha do lar
começa a ter dificuldade de concluir as frases
e dá pra implicar com a empregada.
O que papai e mamãe
fizeram para caducar de uma hora para outra?
Fizeram 80 anos.
Nossos pais envelhecem.
Ninguém havia nos preparado pra isso.
Um belo dia eles perdem o garbo,
ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vezde eles serem cuidados e mimados por nós,
nem que pra isso recorram
a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo,
e o que não sabem eles inventam.
Não fazem mais planos a longo prazo,
agora dedicam-se a pequenas aventuras,
como comer escondido tudo o que o médico proibiu.
Estão com manchas na pele.
Ficam tristes de repente.
Mas não estão caducos:
caducos ficam os filhos,
que relutam em aceitar o ciclo da vida.
É complicado aceitar que nossos heróis e rainhas
já não estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos,
têm este direito, mas seguimos exigindo deles a
energia de uma usina.
Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.
Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular
e ainda temos a cara-de-pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso:
calça de brim? frege?auto de praça?
Em vez de aceitarmos com serenidade o
fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento
com o passar dos anos,
simplesmente ficamos irritados por eles terem traídonossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis.
Provocamos discussões inúteis
e os enervamos com nossa insistência para que tudo sigacomo sempre foi. .
Essa nossa intolerância só pode ser medo.
Medo de perdê-los,
e medo de perdermos a nós mesmos,
medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais.É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida,
mas é difícil aceitar as etapas dos outros,
ainda mais quando os outros são papai e mamãe,
nossos alicerces,
aqueles para quem sempre podíamos voltar,
e que agora estão dando sinais
de que um dia irão partir sem nós।
Comecei a digitar este texto e uma certa preguiça apoderou-se de mim, não tive dúvidas, fui no google e digitei: Nossos Velhos/Martha Medeiros. Surpresa, nada. Tirei o nome da autora, pasmem mais surpresa, o poema lá está, mas autor Gilberto Poloni de Souza. De quem é? Não sei. O que importante neste momento que é: ESTOU COM SAUDADES DO MEU PAI . Pai por que me abandonou?

2 comentários:

Unknown disse...

oi

Unknown disse...

Quantas vezes vc ficou olhando p um ponto qualquer sem saber pq mas te dava uma enorme satisfação? era ele vindo em tua direção.
Quantas vezes vc ficou com as bochechas vermelhas sem saber pq? era ele te dando um beliscão como nos bons tempos de criança.
Quantas vezes vc sentiu um sufoco enorme? era ele te dando o maior abraço.
Quantas vezes vc sentiu uma parte do teu corpo mais quente? era ele colocando sua mão para pra te protejer.
Quantas vezes vc teve e sensação de estar sendo seguida? era ele acompanhando teus passos.
Quantas vezes vc estava triste e como num passo de mágica tudo mudou? foi ele que chegou a teu lado p te fazer feliz.
Ele numca te abandonou e nunca te abandonara e na hora certa vcs poderão novamente trocar carinhos, conversar muito e matar a saudade...
Bjos te AMO!